7 de novembro de 2021

A.S.C. 1933-2021

 

O meu pai nasceu numa época de renovação e esperança. Ao longo da sua vida foi assistindo à derrocada civilizacional e cultural, dos princípios e valores, que nos trouxe aos dias de hoje, nem sempre intuindo – como tantos entre nós – as gravosas consequências originadas por causas aparentemente inócuas ou bem-intencionadas. Também o seu corpo físico ruiu nos últimos anos da sua vida, bem mais rapidamente que a sua capacidade cognitiva, e suportou estoicamente essa dor acrescida.

Agora, que partiu, perdurarão apenas as boas memórias do tempo que passámos na sua companhia. E também o exemplo da firmeza de carácter, da honradez, da gentileza e benevolência, que todos quantos com ele privaram lhe reconhecem. E recordarei ainda o seu peculiar sentido de humor, discreto e algo oblíquo, que aflorava por vezes numa gargalhada franca.

Há muitos anos, deu-me uma série de fotocópias humorísticas, onde se destacava o desenho acima publicado. Como o meu pai não combateu no Ultramar, o desenho deverá ter-lhe sido entregue por algum familiar ou amigo que por lá passou. Um desenho anónimo, mil vezes copiado, agora restaurado e colorido, que ridicularizava o inimigo: «Artilharia do MPLA».

2 comentários:

  1. Os meus sinceros sentimentos, caro Stonefield! Eu gosto de pensar que aqueles vivem na nossa memória nunca morrem realmente. O seu corpo deixa este mundo, é certo, mas não fica sempre um bocadinho deles em nós.

    Saudações Nacionalistas!

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    1. Muito obrigado, caro Afonso.
      Perdão pelo atraso, julguei que tinha a notificação de comentários activa, mas, afinal, parece que não.

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