7 de novembro de 2021

A.S.C. 1933-2021

 

O meu pai nasceu numa época de renovação e esperança. Ao longo da sua vida foi assistindo à derrocada civilizacional e cultural, dos princípios e valores, que nos trouxe aos dias de hoje, nem sempre intuindo – como tantos entre nós – as gravosas consequências originadas por causas aparentemente inócuas ou bem-intencionadas. Também o seu corpo físico ruiu nos últimos anos da sua vida, bem mais rapidamente que a sua capacidade cognitiva, e suportou estoicamente essa dor acrescida.

Agora, que partiu, perdurarão apenas as boas memórias do tempo que passámos na sua companhia. E também o exemplo da firmeza de carácter, da honradez, da gentileza e benevolência, que todos quantos com ele privaram lhe reconhecem. E recordarei ainda o seu peculiar sentido de humor, discreto e algo oblíquo, que aflorava por vezes numa gargalhada franca.

Há muitos anos, deu-me uma série de fotocópias humorísticas, onde se destacava o desenho acima publicado. Como o meu pai não combateu no Ultramar, o desenho deverá ter-lhe sido entregue por algum familiar ou amigo que por lá passou. Um desenho anónimo, mil vezes copiado, agora restaurado e colorido, que ridicularizava o inimigo: «Artilharia do MPLA».

3 de outubro de 2021

A escultura invisível

 

Há poucos meses, foi vendida uma escultura que não existe, por uns largos milhares de euros. O autor, Salvatore Garau, é um italiano, país com tradição neste tipo de fraudes, desde que Piero Manzoni, em 1961, conseguiu vender as suas próprias fezes, numa série de 90 latas de conserva, intitulada “Merda d’artista”. Também Maurizio Cattelan, outro italiano, vendeu uma banana colada com fita adesiva na parede, há um par de anos, por mais de cem mil euros. Mas este Garau conseguiu superar todos esses vigaristas, pois bastou-lhe fazer um quadrado no chão, com fita adesiva, e afirmar que estava ali uma escultura invisível, que logo apareceu um imbecil para a comprar. Isto é tão absurdo que mais parece um golpe baixo, publicitário.
De qualquer modo, assim se atingiu o grau zero na mediocridade da “arte” contemporânea – não é possível descer mais. Estes “artisti di merda” só são possíveis numa cultura profundamente decadente e degenerada, onde a demência, ou mais absoluta nulidade, passa por inovação e padrão de qualidade. No futuro, os historiadores vão referir estes dislates, tal como hoje recordamos as insanidades de Calígula ou Heliogábalo.
É um delírio, foi levado ao limite, e a mentira será desmascarada, inevitavelmente. Quando a luz voltar a brilhar, todo este comércio especulativo se dissipará, tal como as trevas que o acompanham.

15 de agosto de 2021

Cabul caíu!

 


Em duas semanas os talibãs tomaram o Afeganistão ao Império, sem resistência. Se a ideia era abrir outra guerra civil e lançar mais uns milhões de refugiados em direcção à Europa, desta vez o tiro saiu pela culatra! É confrangedor ver a comentadoria globalista preocupada com os “direitos humanos” [leia-se, os direitos da braguilha], os “direitos das mulheres” [leia-se, o feminismo e a ideologia de género], e o triunfo daquilo que eles consideram “barbárie” – quando eles representam a verdadeira barbárie tecnológica e o colapso dos valores intemporais. O que mais lhes custará admitir, é que esta campanha instantânea só foi possível com o apoio da população. Vinte anos de “merdocracia” e um rio de dólares a desaguar diariamente sobre o “cemitério dos impérios” não foram suficientes, porque do outro lado existia uma determinação férrea e o fundamento de uma ideia transcendente, coisa que o Império, encabeçado por Biden, o Usurpador, não faz a mínima ideia do que se trata. Por isso foi derrotado!

Os colaboracionistas e os traidores temem agora pela vida. Se o Império tivesse um átomo de respeitabilidade, levaria consigo esses pobres-diabos, que um dia acreditaram no canto da sereia, na sua fuga para a “land of the free and the home of the brave”. Mas não o fará, e todos os idiotas úteis que servem o Império deviam tomar boa nota disto, porque um dia se verão descartados e entregues à sua sorte, quando isso for conveniente.

Os talibãs serão, talvez, nossos inimigos, mas um inimigo que se respeita. Já o Império é um inimigo execrável, que recolhe agora os frutos da sua perfídia.

4 de abril de 2021

Descubra a diferença (2)

 

Recentemente, o trotskista Anacleto fez umas chalaças na SIC Notícias acerca do Holodomor, com a complacência do jornalixeiro de serviço. Que este energúmeno possa pertencer a um Conselho de Estado, diz muito sobre o estado a que esse Estado chegou...

Infelizmente, o Holodomor é uma gota no oceano de sangue que a ideologia, por ele perfilhada, fez derramar nos últimos 100 anos, em terrorismo de Estado e massacres frequentemente praticados contra o próprio povo. Nunca é demais recordar:


1) Mortos na URSS ................................ 20.000.000

3) Mortos na China ............................... 65.000.000

4) Mortos no Vietname ............................  1.000.000

4) Mortos na Coreia do Norte .....................  2.000.000

5) Mortos no Camboja .............................  2.000.000

6) Mortos no Leste Europeu .......................  1.000.000

7) Mortos na América Latina ......................    150.000

8) Mortos em África ..............................  1.700.000

9) Mortos no Afeganistão .........................  1.500.000

8) Mortos pelas várias guerrilhas comunistas ..... 10.000.000

   Total ........................................ 104.350.000 *

* «O Livro Negro do Comunismo» por Stéphane Courtois, Nicolas Werth, et. al.


Mas, como eles costumam dizer, «isto não era o verdadeiro socialismo».

Muito bem; vamos, então, dar-lhes mais uma oportunidade?

26 de janeiro de 2021

Uma história deste tempo

 


Um rapaz chamado Costinha foi à província e comprou, por 300 euros, um burro a um velho camponês. O velho combinou entregar-lhe o animal no dia seguinte.

Nessa ocasião o camponês disse-lhe:
— Lamento, Costinha, mas tenho más notícias: o burro morreu.
— Não faz mal — disse o Costinha — devolves-me o dinheiro.
O vendedor respondeu:
— Não posso. Já o gastei.
O Costinha pensou um momento e disse:
— Tanto me faz. Entregas-me o burro morto.
— Para quê? — quis saber o velho. — Que vais fazer com um burro morto?
— Vou rifá-lo — respondeu o Costinha.
— Não estás bom da cabeça! Como vais rifar um burro morto?
— Vamo' lá ver. Como é evidente, não vou dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês encontrou novamente o Costinha e perguntou-lhe:
— E o burro?
— Rifei-o. Vendi 500 números a 20 euros cada um e ganhei 10 mil euros — respondeu o Costinha.
— E ninguém se queixou? — quis saber o velho.
— Vamo' lá ver. Queixou-se o vencedor — confidenciou o Costinha. — Mas devolvi-lhe 40 euros e ficou todo satisfeito.

Costinha cresceu e fez-se político. Inscreveu-se numa juventude partidária, medrou e mentiu até chegar a deputado. Depois continuou a medrar até ser ministro, e a mentir até ser presidente de câmara e, depois, primeiro-ministro.
Um homem que durante a sua vida nunca conheceu nada além do estreito horizonte partidário, que nunca fez nada de produtivo, chegou a responsável pelo governo do país. E tudo isto porque encontrou muitos burros mortos ao longo do seu caminho, burros que foi rifando a muita gente ingénua.
Mas o melhor desta história, é que continua a vender os bilhetinhos de burros mortos para continuar no cargo, para conservar os privilégios da “famiglia” partidária, para pagar os favores através dos seus ajustes directos e outras opacidades, que ele tornou legais, estendendo os seus tentáculos à comunicação social e ao sistema judicial, para se assegurar do controlo de danos e da impunidade necessária.
George Orwell disse: «Um povo que elege corruptos, impostores, ladrões e traidores à sua pátria, não é vítima; é simplesmente cúmplice».

Por isso não se deixem enganar com as rifas de burros mortos; abram os olhos, a mente, e o senso comum. Já são demasiados anos a “andar de cavalo para burro”.

(o seu a seu dono: texto adaptado de Gerard Bellalta i Germán / desenho inspirado em Adriano Centeno)