9 de julho de 2014

Camisinhas de forças


Joseph Ratzinger, apesar de ser reconhecido como um dos maiores pensadores do cristianismo católico das últimas décadas, autor de vasta obra filosófico-religiosa, e elemento determinante na condução do Vaticano desde muito antes de ter sido nomeado papa, nunca recebeu o favor popular nem, muito menos, o dos meios de comunicação. O seu modo reservado, toda aquela racionalidade alemã, contrastavam com o estilo "popularucho" do seu antecessor, e, embora dizendo basicamente as mesmas coisas que a Igreja sempre disse, ninguém lhe regateava uma boa polémica.
Na primeira viagem ao continente africano, em 2009, que incluiu os Camarões e Angola, Bento XVI disse aos jornalistas: «Eu digo que não se pode superar o problema da SIDA em África só com dinheiro, embora necessário. Se não há vontade, se os africanos não ajudarem, não podemos resolvê-lo através da distribuição de preservativos. Em vez disso, eles aumentam o problema.»
Ora, isto é uma variação do discurso da Igreja sobre o uso do preservativo tal como ele existe desde... bem, desde que se inventaram os preservativos, suponho. Mas, mesmo assim, estalou a polémica.
Elementos do clero já afirmaram várias vezes entender o uso do preservativo como "um mal menor" - tal como se consegue ler nas entrelinhas da declaração acima citada. Quem julga que um dia a Igreja há-de recomendar o uso do preservativo como uma coisa "positiva", ainda não entendeu minimamente os valores a a ideologia em que se baseiam o catolicismo.

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