Joseph Ratzinger, apesar de ser
reconhecido como um dos maiores pensadores do cristianismo católico
das últimas décadas, autor de vasta obra filosófico-religiosa, e
elemento determinante na condução do Vaticano desde muito antes de
ter sido nomeado papa, nunca recebeu o favor popular nem, muito
menos, o dos meios de comunicação. O seu modo reservado, toda
aquela racionalidade alemã, contrastavam com o estilo "popularucho"
do seu antecessor, e, embora dizendo basicamente as mesmas coisas que
a Igreja sempre disse, ninguém lhe regateava uma boa polémica.
Na primeira viagem ao continente
africano, em 2009, que incluiu os Camarões e Angola, Bento XVI disse
aos jornalistas: «Eu digo que não se pode superar o problema da
SIDA em África só com dinheiro, embora necessário. Se não há
vontade, se os africanos não ajudarem, não podemos resolvê-lo
através da distribuição de preservativos. Em vez disso, eles
aumentam o problema.»
Ora, isto é uma variação do discurso
da Igreja sobre o uso do preservativo tal como ele existe desde...
bem, desde que se inventaram os preservativos, suponho. Mas, mesmo
assim, estalou a polémica.
Elementos do clero já afirmaram várias
vezes entender o uso do preservativo como "um mal menor" -
tal como se consegue ler nas entrelinhas da declaração acima
citada. Quem julga que um dia a Igreja há-de recomendar o uso do
preservativo como uma coisa "positiva", ainda não entendeu
minimamente os valores a a ideologia em que se baseiam o catolicismo.
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