Neste folhetim de baixa qualidade que
se arrasta entre as outras histórias mais ou menos escabrosas que
compõem a informação diária, há algo digno de nota que parece
ter escorrido nas entrelinhas, pois ninguém terá pegado no
assunto. O artiguelho começa assim: «O escândalo sexual que
envolve o juiz Joaquim Manuel Silva, acusado por Ana Loureiro,
proprietária de uma casa de acompanhantes, de contratar prostitutas
para ter sexo enquanto visionava vídeos com depoimentos de menores,
etc. etc. ...» Proprietária de uma casa de acompanhantes?
Não há muito tempo, recordo-me de ter
visto um cavalheiro a queixar-se, na TV, de ter sido acusado de
lenocínio por ter arrendado uns apartamentos a umas senhoras
que, por acaso, eram putas. Não era sequer um caso de proxenetismo;
arrendou os apartamentos às putas, que os utilizavam para o seu
comércio. E foi condenado por lenocínio, recorde-se!
E agora esta Ana Loureiro diz que tem
uma casa de putas, onde, pelas suas palavras, se junta o proxenetismo
ao lenocínio, e não se passa nada? Ou só há exploração,
e criminalização, quando o «patrão»
é homem? É isso que está na lei?